Relativamente recentemente a literatura médica inglesa — e, consequentemente, a literatura e a fala médica brasileira — foi inundada por um termo no mínimo esdrúxulo, do ponto de vista fisiológico: postmenopausal.
O ciclo reprodutivo feminino se caracteriza por algumas etapas bem definidas:
- pré-puberdade
- puberdade
- idade reprodutiva
- climatério
- menopausa
Na pré-puberdade (infância) ainda não existe produção dos hormônios sexuais e, portanto, dos caracteres sexuais secundários; na puberdade ou pubescência ocorre a transição entre a infância e a adolescência com o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e a aceleração do crescimento, levando ao início das funções reprodutivas; na idade reprodutiva ou idade fértil (adolescência e idade adulta) temos o pleno funcionamento ovariano com a produção dos hormônios que regulam o ciclo menstrual e possibilitam a reprodução de modo cíclico, no período fértil.
Do mesmo modo que existe um período de transição entre a fase pré-puberal e a fase reprodutiva, chamado de puberdade, existe um período de transição entre a fase reprodutiva e a cessação da produção hormonal (e da capacidade reprodutiva) chamado climatério, marcado por alterações somáticas e psíquicas e que se encerra na menopausa.
Uma vez findo o climatério, a mulher entra na menopausa (amenorreia há mais de um ano após o climatério) na qual permanece a até o fim da vida: não existe nenhum período fisiológico após a menopausa.
Como em língua inglesa o termo menopausa (menopause) é usado em metonímia para climatério (climacteric) ao falar de “pós-menopausa” o profissional quer se referir ao término do período transicional para a fase na qual a mulher não tem mais possibilidade fisiológica de reproduzir, ou seja, o ingresso na menopausa propriamente dita, criando esta celeuma terminológica, quando na verdade não existe nenhuma outra fase do ciclo reprodutivo após a menopausa: ao entrar na menopausa a mulher nela permanece até o fim da vida.
Em suma: você pode e deve traduzir “postmenopausal” por “na menopausa” sem medo de ser feliz.