Sim, antes de mais nada, todos desmentiram. Mas não é segredo nenhum que o presidente, e por consequência aqueles que ainda estão agregados a ele, vêm fazendo sugestões sistemáticas de que o TSE manipula a eleição e que, se não tiver o tal voto impresso, não tem eleição e ele não entrega a faixa.
Não vou entrar no mérito do voto eletrônico, já tem muita matéria sobre isso, inclusive já houve um teste por amostragem do voto impresso e se viu que ele causa distorções, em partes pelo medo que o eleitor tem de que alguém descubra que ele talvez não tenha votado em quem o pagou ou o ameaçou.
A questão aqui é mais séria.
Primeiro que todo dia se fala em eventos oficiais em dar um golpe. É tudo dito abertamente, sem vergonha e, mais preocupante ainda, sem nenhuma penalização.
Salvo meia dúzia de notas de repúdio, nem o legislativo, nem o judiciário se moveram para mostrar que não se deve falar em golpe em nenhum momento. Para piorar deixa-se no ar, como o odor de um cadáver morto na sala, essa ideia de que, no Brasil, o povo só tem direito a voto se a casta militar permitir.
Impedir que se propague esses discursos não é uma mera questão de censura ou liberdade de opinião, se existe a hipótese de os militares decidirem se tem eleição ou não, o país deixa de ser uma democracia e se torna uma ditadura de conveniência.
Esse caso tem um lado positivo e um negativo.
O lado positivo que é vimos nesse governo o quanto a competência do exercito é limitada, duvido muito que sejam capazes de nos proteger se o Paraguai quiser se vingar pela guerra que perdeu no passado, duvido mais ainda que, sozinhos, sejam capazes de dar o golpe e conduzir o país.
O lado negativo é que a tranquilidade com que o famoso “centrão”, do qual o presidente agora diz que sempre foi membro, trata o tema pode indicar que, se os militares derem o golpe, essa massa amorfa da pior espécie política está mais do que a postos para cuidar da parte administrativa que falta aos homens de farda.