Vamos esclarecer o que temos aí. Pela lei federal 9.249/95, as empresas que executarem doações a entidades que atendam critérios determinados podem abater o valor dessa doação do Imposto de Renda até um limite de 2%.
Assim, o que alguns dos grandes mercados fazem é projetar o valor de IRPJ que pagariam, definir o 2%, separar esse valor em mercadorias com defeito e/ou “vencidinhos” e “”“doar”“”“.
O termo doar aí está com seu significado esticado ao máximo porque cada item é faturado pelo valor original, é emitido uma nota e o valor dessa nota retorna para os cofres da empresa no momento em que ela não tem que pagar aquele valor (cabe uma explicação aqui que essa artimanha só se aplica a empresas grandes o suficiente para se enquadrarem no regime do IR, não o mercadinho do bairro que paga seu imposto pelo SIMPLES). Além disso, a depender de cada estado, há diversos outros benefícios fiscais.
Até aí é o jogo, certo?
Mas voltemos para a frase do nosso amigo Marcio agora escrevendo o que ele quis dizer de fato nessa simulação de citação mais realista:
Se o governo aumentasse para 5% a dedução, pegaríamos mais mercadorias que ninguém quer/pode comprar e venderíamos para o governo pelo preço de tabela. Assim, recebemos todo esse dinheiro ao pagar menos imposto e podemos tirar uma foto do dono do supermercado entregando um caminhão de produtos que seriam inúteis para o mercado.
É uma situação de "ganha/ganha” para a empresa. O mercado recebe o dinheiro pela mercadoria que seria perdida e tem uma publicidade gratuita.
O que esse queridão não fala é que mesmo sem a dedução eles poderia doar o quanto quisessem, só que nesse caso seria doação de verdade, né, Marcio? Aí sem chance.