De pronto começaram a falar que Lula não queria mais ser presidente, que estava dando munição ao inimigo.
O que eu achei mais curioso é o tanto que se preocuparam com: como vou defender o ex-presidente agora?
Sei que esse ano vai ser muito difícil, que essa eleição vai ser bem pior que a anterior. Mesmo quando falaram que o Bolsonaro estava acabado, olhando por cima da cerca da bolha ficava claro que há todo um contingente que não pensaria muito ao se deparar com “a escolha difícil” (proclamada pelo Estadão em 2018) e voltaria correndo para os braços do mito.
Sei que é importante, inclusive para a manutenção das estruturas democráticas do país, que Bolsonaro saia na próxima eleição.
Mas, para reconstruir o país não basta sequestrar votos com memes e falas suaves. O Brasil precisa de um ponto de inflexão social em que se repense o caminho que temos seguido. É urgente que a sociedade como um todo tenha consciência das premissas que têm norteado nossa (falta de) política pública, desse nosso retrocesso em busca do autoritarismo e dos valores arcaicos que não tem mais espaço no debate público.
Sem esse momento de catarse, não importa quem ganhará, pois não há como mudar nada sem avaliar e ver se estamos no ponto em que já aceitamos de fato que os rumos dos últimos anos foram um erro de percurso.
Já falei outras vezes por aqui que não sou militante, admiro muito quem é, mas não é algo que eu tenho em mim.
Contudo, tem um discurso no final da fase do Peter Capaldi como Doctor Who (seriado de ficção científica da BBC) que considero ser necessário nesse momento para todos que desejam batalhar por uma causa.
Abaixo tem a íntegra e o vídeo, porque a atuação do Capaldi é sensacional.