Assisti ao novo filme do Batman e acho que vale um comentário breve, não se preocupe, não vou revelar nada sobre a trama, principalmente porque esse é um filme calcado na história e na resolução de mistérios.
Algo que chama muito a atenção no filme é como ele é bonito visualmente. A direção de fotografia do filme é fantástica. Tudo no filme é pensado mais em termos gráficos do que funcionais. A gola da capa do Batman, o estilo do carro, o figurino dos personagens… Além de, é claro, Gotham City, uma das cidades imaginárias mais reinventadas da ficção. É impressionante como esse cenário comporta uma visão pessoal de cada desenhista de quadrinhos ou diretor de série/cinema/animação que cria uma ambientação que é diferente, mas que ainda é reconhecível como essa metrópole sombria icônica que ninguém nunca viu de fato.
Sim, como sempre, tenta-se dar um ar realista ao filme, até porque, em tese, como o Batman não tem superpoderes, é um herói que só deveria se engajar em ações que uma pessoa normal fosse capaz. Nesse sentido, tirando o famigerado Batman com Adam West, esse é um dos filmes mais “pé no chão”. As lutas não parecem coreografadas, há pouca ação acrobática e o mínimo necessário de cenas grandiosas de ação.
No geral a história parece muito com tramas
noir como
os clássicos de Raymond Chandler em que detetives particulares se enrolam em um caso e decidem que são melhores do que a polícia para resolvê-los. O conjunto é tão realista que não seria preciso de grandes adaptações no texto para trocar Bruce Wayne por Philip Marlowe.
Além do visual, algo que chama muito a atenção é o som imersivo do filme, que, aliás, é um dos bons motivos para ver Batman no cinema. Mesmo um equipamento de som de uma sala de cinema mediana (assisti no Cine Marabá, um dos últimos cinemas de rua de São Paulo) é capaz de envolver o espectador nas cenas de uma forma poderosa.
Dito isso, vejo dois problemas significativos no filme. O primeiro é que todas as atuações são péssimas. A impressão que dá é que o diretor focou tanto no visual que deixou o filme seguir com performances em que ninguém se esforçava. E, talvez, Matt Reeves, que dirigiu e escreveu, seja alguém que não liga para atuações, tanto que o filme praticamente não tem cenas teatrais que exigiriam atores um pouco mais dedicados.
O segundo problema do filme é essa praga de que todos os filmes de herois precisam durar 3 horas. Não é que o filme tenha cenas totalmente desnecessárias ou que seja chato, mas, também, ele não tem essa construção de profundidade abissal que demandaria tanto tempo.