Por bem ou por mal, a principal notícia da semana passada foi a tentativa de incendiar o Borba Gato, uma estátua de São Paulo que homenageia um bandeirante.
Os bandeirantes foram, por muito tempo, o símbolo da persistência e, porque não, do empreendedorismo paulista. Desbravadores que civilizaram o interior do país.
Talvez a palavra correta seja exploradores que, enriqueceram as custas da vida de índios e negros.
O Eduardo Bueno, que se especializou em contar a história do Brasil que fica a margem dos livros didáticos, defende que foi queimada a estátua errada, que Borba Gato é de outro momento da história.
Ele se junta ao coro de várias pessoas que defendem que as estátuas de figuras polêmicas sejam mantidas, mesmo que em um tipo de museu da ignorância humana.
Não discordo dessa linha de pensamento. Sou contra a destruição dos bens públicos, por mais que tenham seus problemas históricos e acho que, ao impor a força a destruição de uma estátua, o grupo que realiza esse ato está praticando uma atitude autoritária, muitas vezes irreversível e distante de qualquer espectro democrático civilizado.
DITO isso, é preciso olhar o caso por outro ângulo.
A outra grande notícia da semana é que o PP, também conhecido como partido do Paulo Maluf, que se popularizou por ser aliado de todos os governos desde a ditadura até as gestões PTistas e que se orgulhava do bordão “rouba mas faz”, tomou de assalto todas as rédeas do país.
O presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira, do PP, já tinha o comando do legislativo e da coleira no pescoço de Bolsonaro. Agora, Ciro Nogueira assume a Casa Civil, o que quer dizer que, na prática, dita o ritmo de tudo que passa pelo Executivo. O Judiciário, por sua natureza, fica na sua até ser consultado e tem se mostrado bem pacífico diante de todas as ofensas que recebe.
Assim, o PP é quem governa o Brasil. Um dos partidos que mais representa o “centrão”, que é o miolo fisiológico de tudo que não presta no legislativo, partidos cuja a única ideologia é o enriquecimento e a perpetuação no poder.
E como chegamos aqui? Foi por que elegemos Bolsonaro?
Na verdade não. Bolsonaro é um boneco de posto sem conteúdo que está lá para nos lembrar que o conservadorismo é muito forte no país.
Chegamos aqui porque, enquanto brigamos sobre quem vai ser o presidente, partidos como o PP seguiram se elegendo e se mantiveram com o domínio prático do país.
Um domínio que só cresceu porque o presidente é fraco e incompetente.
Mas um domínio que é tão forte que já deixou claro que “a voz das ruas” não tem valor algum.