Pergunte-se: o quê o dinheiro se presta a medir?
“Atividade econômica” é uma resposta comum. Mas acatá-la significa aceitar o dinheiro como sendo uma unidade de medida auto-referencial.
“
O crescimento da economia”, diriam os mais perspicazes. Faria sentido, se a quantidade de dinheiro no mundo acompanhasse o dito crescimento (não o faz. Mas, por curiosidade, a oferta circulante de ouro o faz, com precisão embasbacante - vide
Kwasi Kwarteng).
Eric Beinhocker tem uma definição mais romântica: dinheiro deveria
medir a “taxa de descoberta de soluções para problemas humanos”. Era isso que G. Gilder chamava de “
aprendizado”.
Ainda mais sucinto,
Gilder propõe que a
realidade objetiva e externa que o dinheiro quantifica é nada menos que
a própria passagem do tempo. Veja como faz sentido:
Empreendimentos no mercado criam conhecimento (processos que funcionam, ou não). Conhecimento se acumula e compõe. Como resultado, podemos produzir, consumir e viver mais (e melhor).
Em qualquer empreendimento, o limitador insuperável é a escassez e irreversibilidade do tempo. Com tempo infinito, tudo seria possível. Sua finitude impõe a necessidade da priorização, em cada escolha.
O valor do tempo se manifesta nas taxas de juros, nos orçamentos, nos contratos e registros contáveis. Quem já pegou um empréstimo, contratou um fornecedor ou acumulou juros compostos sentiu na pele que “tempo é dinheiro”.
Desigualdades financeiras não alteram a escassez intrínseca do tempo. Ele se distribui uniformemente para ricos e pobres: todos temos as mesmas 24 horas por dia.
Governos podem fingir que certos bens custam naturalmente mais caro (gasolina), que alguns são gratuitos (cuidados médicos), ou que outros estão encarecendo (educação).
Mas o tempo segue irreversivelmente escasso, e dita que os custos reais de produção devem cair em proporção às curvas de aprendizagem através da economia.